Como árvore à beira das águas correntes: uma reflexão sobre o Salmo 1

 


Desde a queda de Adão, o pecado está sempre à porta do coração do homem. Constantemente somos tentados a nos desviarmos do caminho de Deus. Neste texto, o salmista apresenta uma comparação entre a vida do justo e a do ímpio. A expressão “bem-aventurado” representa o estado de plenitude de felicidade daquele que tem prazer na lei do Senhor, pois nela encontra as respostas para a sua vida diária. Aquele que tem prazer na meditação das Escrituras não correrá o risco de apostatar da fé. Vejamos detalhadamente cada versículo:

No verso 1, o autor apresenta as três etapas que levam uma pessoa a se desviar do caminho de Deus. O primeiro passo é andar segundo o conselho dos ímpios. Isso significa conceber a sugestão daquele que se opõe aos princípios da Palavra de Deus. Tomar o conselho do ímpio é se inspirar naquele que vive conforme a sua própria vontade, rejeitando completamente a vontade do Senhor. Que conselhos têm guiado as nossas vidas? Hoje é preciso ter muito cuidado, pois há várias ideologias – aparentemente boas – mas que de fato nos afastam de Deus. Em Provérbios 14.12, está escrito: “Há caminho que parece direito ao ser humano, mas o fim dele é caminho de morte”. Em suma, a pessoa começa a se acostumar com o pensamento enganoso, mesmo sabendo que não está em concordância com a Palavra de Deus. O segundo passo é deter-se no caminho dos pecadores, ou seja, a pessoa começa a imitar a conduta. Se antes ela apenas ouvia o conselho, agora passa a praticá-lo, afastando-se ainda mais dos princípios da lei do Senhor. O terceiro passo é assentar-se com os escarnecedores, pois agora ela não se contenta em desobedecer à Palavra de Deus, mas passa a escarnecer dela, falando mal, desdenhando e tentando levar outros a abandonarem a fé. É o retrato da apostasia.

A seguir, o salmista declara que é bem-aventurado aquele que não trilha o caminho descrito anteriormente (verso 2). E, para tanto, ele se alegra, tem prazer em meditar na Palavra. A expressão "de dia e de noite” remete à constância da meditação, ou seja, ler as Escrituras é uma ação habitual, não é algo que se faz de vez em quando.

No verso 3, o salmista compara aquele que tem prazer em meditar na Palavra a uma árvore, que possui algumas características. Em primeiro lugar, ela está plantada à beira de águas correntes. Sabemos que as terras próximas a rios são mais férteis e há abundância de árvores devido à oferta de água. Dessa forma, a planta tem água e nutrientes necessários para a sua existência. A pessoa que procura “beber” da Fonte da Vida – A Palavra de Deus – jamais terá sede. Em segundo lugar, ela dá fruto no tempo certo, ou seja, aquele que medita na palavra alimenta outras pessoas através dos frutos que produz. Em terceiro lugar, suas folhas não murcham, ou seja, quem medita na Palavra constantemente tem vigor diário, o Senhor renova as suas forças. E em quarto lugar, tudo o que faz prospera, pois se a pessoa procura viver conforme os princípios da Palavra, tudo o que fizer estará em concordância e, por isso, o Senhor abençoará as obras de suas mãos. Suas ações são guiadas pelo Espírito e por isso dão certo.

Mas, no verso 4, o autor faz outra comparação, referindo-se ao ímpio, num sentido claramente oposto ao do justo: são como palha que o vento leva. Quem despreza a palavra está morto espiritualmente e é levado por qualquer pensamento; é uma pessoa inconstante. Em oposição ao justo, que suas folhas não murcham, o ímpio tem suas folhas secas.

O salmista, no verso 5, diz que os ímpios não resistirão ao julgamento, isso porque as suas obras são uma afronta para Deus. Também os que vivem na prática do pecado não subsistirão. Logo, quem busca ter uma vida segundo a Palavra encontrará a aprovação de Deus, mas aquele que não a observa será reprovado por suas obras.

Que o prazer em meditar na Palavra de Deus seja constante na nossa vida e produza frutos que alimentem os que têm fome de conhecer ao Senhor, para a glória dele! E que Ele abençoe a sua vida!

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