“Como o senhor sabe a meu
respeito?”, perguntou Natanael. Jesus respondeu: “Vi você sob a figueira antes
que Filipe o chamasse”. (João1.48)
Havia uma grande
expectativa entre os judeus quanto à chegada do Messias. Ao entender que Jesus
era o prometido de Deus, os primeiros discípulos trataram de levar a boa-nova
aos amigos mais chegados. André contou a seu irmão Simão (o qual Jesus
posteriormente passou a chamar de Pedro), e Filipe a anunciou ao seu amigo
Natanael. É sobre ele que vamos refletir.
Em João 1.43-51, lemos o
relato do encontro dele com Jesus. Ao ouvir que o Messias vinha de Nazaré,
Natanael não aceitou muito bem. Talvez, como um bom israelita, Natanael conhecesse
as Escrituras e soubesse que o Salvador viria de Belém (Miquéias 5.2). Contudo,
a fala dele foi um tanto preconceituosa: “Pode vir coisa boa de Nazaré?”. Isso
porque Nazaré era um vilarejo pouco expressivo, sem muita importância aos olhos
humanos. Como o Messias, o Rei dos judeus tão esperado, poderia vir de uma
cidade tão insignificante? Para Natanael era incoerente. Mas foi essa cidade
que abrigou o Salvador do mundo durante boa parte da sua vida. Sim, Natanael
foi um tanto relutante, mas cedeu ao apelo de seu amigo Filipe e resolveu ir ao
encontro que mudaria o rumo da sua história.
Ao avistar Natanael,
Jesus lhe fez um elogio: “Aí está um verdadeiro filho de Israel, um homem
totalmente íntegro” (João 1.47). Outra versão diz: “Aí está um verdadeiro filho
de Israel, em quem não há falsidade”. Interessante que, embora Natanael tivesse
sido preconceituoso momentos antes, Jesus o chamou de íntegro. Estaria Jesus
equivocado? Ele fez mesmo esse elogio a alguém que acabara de falar mal do
povoado de onde vinha? Embora Natanael tivesse seus defeitos (como qualquer um
de nós), havia algo nele que chamava a atenção do Senhor: sua integridade. Isso
não significa que Natanael era um homem perfeito, mas era um homem que prezava
pela verdade. Segundo o dicionário, integridade significa inocência,
honestidade, retidão. Ser íntegro, portanto, não significa ter uma vida ausente
de pecados, mas ter um coração verdadeiramente entregue a Deus. Em Mateus
22.37-38, Jesus declara: “Ame ao Senhor, o seu Deus, de todo o coração, de toda
a sua alma e de todo o seu entendimento. Este é o primeiro e maior mandamento”.
Amar a Deus de todo o coração é amá-lo integralmente.
Ao questionar Jesus sobre
como o conhecia, Natanael recebeu a seguinte resposta: “Vi você sob a figueira
antes que Filipe o chamasse”. Então Natanael prontamente exclamou: “Rabi, o
senhor é o filho de Deus, o rei de Israel!”. Por que essa simples declaração do
Mestre foi suficiente para Natanael crer que Jesus era o Filho de Deus? Porque
certamente ninguém sabia que Natanael estava ali debaixo da figueira.
Provavelmente era seu lugar secreto com Deus, onde ele se refugiava para
meditar nas Escrituras e orar. Um lugar que somente ele e Deus conheciam.
Natanael tinha sede de Deus, de se relacionar com Ele, e isso certamente chamou
a atenção do céu. Ninguém na terra sabia desse lugar de encontro, mas Deus
sabia. Ninguém conhecia as suas súplicas mais íntimas, mas Deus as ouvia. Por
isso ficou claro para Natanael que aquele homem nazareno era realmente o Filho
de Deus.
Deus se alegrava com seu
coração completamente rendido. E conosco não é diferente. Se o buscarmos com um
coração íntegro, no nosso lugar secreto (somente você e Deus), da mesma forma,
Deus se revelará a nós.
Talvez para Natanael
aquela revelação de Jesus já fosse suficiente, mas o Senhor tinha muito mais
para ele. Jesus ainda lhe declarou: “Você crê nisso porque eu disse que o vi
sob a figueira? Você verá coisas maiores que essa”. E acrescentou: “Eu lhes
digo a verdade: vocês verão o céu aberto e os anjos de Deus subindo e descendo
sobre o Filho do Homem” (versos 50-51). Em outras palavras, Jesus disse
diretamente a Natanael: isso é só o começo, ainda farei coisas maiores, as
quais você vai presenciar. Em seguida, o Senhor cita a visão que Jacó teve de
anjos subindo e descendo do céu por meio de uma escada (Gênesis 28.12), o que
representa a ligação entre o céu e a terra, a manifestação poderosa de Deus
sobre a terra. Ou seja, Jesus era o cumprimento dessa profecia: ele é a escada,
é o Caminho que liga a terra ao céu. É por meio de Jesus que haveria a
manifestação de sinais e maravilhas: os anjos subindo, levando os pedidos dos
homens a Deus, e descendo, trazendo a resposta do céu! Em Jesus, a obra
redentora se concretizaria: ele é o único mediador entre Deus e os homens (1
Timóteo 2.5).
O que aprendo com esse
texto? Natanael, mesmo sendo um pecador, buscava conhecer o Todo-Poderoso e se
relacionar com Ele. Essa atitude moveu o coração de Deus, que se revelou a
Natanael e o levou a experiências ainda maiores. O texto não diz claramente,
mas estudiosos apontam que Natanael e Bartolomeu são a mesma pessoa. Sim,
Bartolomeu, um dos doze apóstolos de Jesus, conforme Mateus 10.2-4:
“Estes são os nomes dos
doze apóstolos: primeiro, Simão, chamado Pedro, e André, seu irmão; Tiago,
filho de Zebedeu, e João, seu irmão; Filipe e Bartolomeu; Tomé e Mateus, o
publicano; Tiago, filho de Alfeu; Simão, o zelote, e Judas Iscariotes, que o
traiu”.
“No entanto, está
chegando a hora, e de fato já chegou, em que os verdadeiros adoradores adorarão
o pai em espírito e em verdade. São estes os adoradores que o Pai procura.” Que
tenhamos o nosso coração íntegro para sermos encontrados por Ele!
Como é linda a palavra! Que Deus nos abençoe com “Vi você sob a figueira antes que Filipe o chamasse”.🙏
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