O decreto que nos dá acesso à vida: um estudo sobre o livro de Esdras

 


A Bíblia testifica de si mesma ao declarar que “toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção e para a instrução na justiça” (2 Timóteo 3:16). Tudo o que está escrito na Palavra de Deus tem um propósito e aponta para a obra de Cristo na cruz. Quando lemos o livro de Esdras sem meditar nas suas palavras, podemos ter a impressão de que é apenas um conjunto de registros sobre a reconstrução do templo em Jerusalém. Mas este livro revela muito mais do que isso. Este estudo abordará alguns ensinamentos obtidos nos capítulos 1 e 2.

Em 1 Coríntios 6:19, lemos que “o nosso corpo é o templo do Espírito Santo”; portanto, a reconstrução do templo descrita por Esdras aponta para a reconstrução da vida do próprio homem, outrora sem Deus, mas que agora regressa para o centro da vontade do Pai – representada pela cidade de Jerusalém. Fazendo um paralelo com o Éden, vemos que a comunhão existente entre Deus e Adão foi interrompida por causa do pecado do homem e, por esse motivo, ele foi retirado do Jardim, do lugar de adoração e intimidade, vivendo como um exilado. Agora, Jerusalém era o lugar de encontro entre Deus e o homem, era o lugar onde ele poderia desfrutar da presença do Pai (2 Crônicas 6:6).

O primeiro capítulo do livro de Esdras inicia-se com a declaração do decreto de Ciro, autorizando o retorno dos israelitas para Judá, a fim de reconstruir o templo em Jerusalém:

Assim diz Ciro, rei da Pérsia: ‘O Senhor, o Deus dos céus, me deu todos os reinos da terra. Ele me encarregou de lhe construir um templo em Jerusalém, em Judá. Quem pertence ao povo de Deus, volte a Jerusalém, em Judá, para reconstruir o templo do Senhor, o Deus de Israel, que habita em Jerusalém. E que seu Deus esteja com vocês! (Esdras 1:2,3).

É preciso compreender o contexto desta história: com a tomada do reino de Judá pelos babilônios, muitos israelitas foram exilados em terras distantes e viveram como escravos, devido à desobediência em relação à lei de Deus. Esse fato foi cumprimento da palavra que Deus havia dado a Salomão e ao povo, na ocasião da consagração do templo: "Mas, se vocês se afastarem de mim e abandonarem os decretos e os mandamentos que lhes dei, e prestarem culto a outros deuses e adorá-los, desarraigarei Israel da minha terra, que lhes dei, e lançarei para longe da minha presença este templo que consagrei ao meu nome. Farei que ele se torne motivo de zombaria entre todos os povos (2 Crônicas 7:19,20).

O decreto de Ciro era a chance que todo israelita tinha de regressar para Judá e de reconstruir a cidade escolhida por Deus para habitar: Jerusalém. Antes desta determinação do rei não havia possibilidade de regresso. Esse acontecimento aponta para Jesus, pois o seu sacrifício na cruz é o decreto que nos autoriza a regressar para Deus. Aleluia! Portanto, todo aquele que reconhece Jesus como seu Senhor retorna para “Jerusalém” (a presença do Pai) e inicia o processo de reconstrução do templo (a restauração da imagem e semelhança do homem segundo a glória de Deus).

Até aqui vimos três símbolos: o templo, que é a própria vida humana; Jerusalém, que é o “lugar” de intimidade com o Pai e o decreto, que é o sangue de Jesus derramado na cruz do Calvário, sangue este que nos autoriza a retornar ao lugar da adoração.

Embora o decreto autorizasse a todos os israelitas regressarem a Jerusalém, muitos decidiram permanecer em terra estrangeira. Não quiseram ir. Aqui fica claro que buscar uma vida de intimidade e obediência a Deus é uma escolha, não uma imposição. Hoje, muitos são ministrados pela Palavra de Deus, mas não estão dispostos a renunciar o pecado e mudar de vida, não querem “abrir mão” de seus preconceitos, e decidem permanecer distantes do Pai.

Contudo, algo maravilhoso acontece com aqueles que optam por esse caminho de retorno. O restante do capítulo 1 do livro de Esdras relata que a bênção do Senhor estava sobre os que decidiram voltar: os vizinhos, movidos pelo próprio Deus, abençoaram os que iam regressar com ouro, prata, animais, presentes, suprimentos e ofertas voluntárias (v.6). Além disso, o próprio rei Ciro decidiu restituir todos os utensílios tomados do templo pelo rei Nabucodonosor, na ocasião da tomada da cidade (v.7). Uma lição preciosa eu aprendo aqui: estes objetos seriam essenciais para o restabelecimento da adoração no templo em Jerusalém. De igual forma, Deus nos abençoa diariamente, restituindo-nos as condições para adorá-lo. Ele supre as nossas necessidades materiais e espirituais. Ele levanta pessoas para nos abençoar (mesmo as que não compartilham da nossa fé), de modo que possamos adorá-lo em espírito e em verdade.

No capítulo 2 de Esdras, lemos a lista dos nomes dos homens que regressaram para Jerusalém. Isso fez-me pensar no que a Palavra diz a respeito do Livro da Vida, o registro daqueles que escolheram ter uma vida dirigida por Cristo: O vencedor será igualmente vestido de branco. Jamais apagarei o seu nome do livro da vida, mas o reconhecerei diante do meu Pai e dos seus anjos (Apocalipse 3:5).

Quero encerrar esta primeira parte do estudo sobre o livro de Esdras, destacando algumas verdades espirituais:

1 – A desobediência aos princípios da Palavra de Deus nos afasta cada vez mais da Sua presença. A prática recorrente e consciente do pecado – o que a Bíblia chama de iniquidade – provoca a indignação de Deus. Ele é Santo! Ele detesta o pecado porque Ele não sonhou o mal para nenhum ser humano. O pecado é uma afronta à Sua santidade: “pois todos pecaram e estão destituídos da glória de Deus” (Romanos 3:23), ou seja, a condição natural do pecador é viver longe da presença de Deus.

2 – O homem natural não pode fazer nada para se salvar, pois a salvação se dá por meio de Cristo: “Consequentemente, assim como uma só transgressão resultou na condenação de todos os homens, assim também um só ato de justiça resultou na justificação que traz vida a todos os homens” (Romanos 5:18). Todo ser humano naturalmente é pecador e, por isso, vive distante de Deus; mas Cristo é o decreto que nos possibilita retornar à presença do Pai. O seu sacrifício na cruz é o ato de justiça que traz vida àquele que nele crê. Aleluia! Que você entregue seu coração a Cristo, reconhecendo-o como Senhor de sua vida!

3 – Os nomes daqueles que retornam para Deus estão registrados no livro da vida! Ele os conhece pelo nome!

4 – A chegada em Jerusalém não foi o fim da história, mas o início do processo de reconstrução. Agora os israelitas iriam trabalhar arduamente para remover os escombros e levantar um novo templo para a glória de Deus. Deus concede utensílios apropriados para esse processo de reconstrução. Ele dá as ferramentas necessárias! Querido, após entregarmos a vida a Jesus, iniciamos em nós mesmos este processo de restauração, e esta obra só terminará quando formos para a glória eterna. Enquanto isso, por meio da graça de Deus, lancemos fora os entulhos do coração e coloquemos nossa fé no cuidado que o nosso Pai nos garante.

Que o Senhor abençoe a sua vida!

 

 

Comentários

  1. Deus abençoe sua vida por nos abençoar com sua palavras. 🥰😘

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  2. Louvo a Deus pela tua vida. Obrigada por compartilhar ❣️

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  3. Perfeito. Uma verdadeira inspiração divina esse seu texto. Obrigada por compartilhar algo tão precioso.

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  4. Maravilhoso estudo amada, que o Senhor cada dia te use poderosamente na revelação de Sua palavra para instruir o Seu povo. Como Esdras aplicou o seu coração ao estudo da Palavra e instrui a o povo, assim tb Deus te escolheu e tem capacitado pelo poder do Espírito Santo que em Ti habita. DEUS TE ABENÇOE.

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