Se eu lhe perguntasse se você gosta de esperar por algo, certamente a
sua resposta seria negativa. De um modo geral, o ato de esperar nos traz
incômodo. Por exemplo, esperar a chegada de alguém; esperar por uma
oportunidade de promoção na empresa onde se trabalha; esperar pela pessoa certa
para se casar; esperar pela tão sonhada vaga na universidade; esperar pelo
parecer favorável de uma causa na justiça... Enfim, esperar pela resolução de
algo que não depende apenas da nossa ação nos gera impaciência.
Davi inicia este salmo com a seguinte declaração: “Coloquei toda a
minha esperança no Senhor”. Em outra versão, lemos “Esperei com paciência no
Senhor” (verso 1). Percebemos que ele se encontra numa situação de espera, em
que a resposta para a sua aflição não dependia dele, mas em vez de se
desesperar ou ficar reclamando, o salmista decide esperar. “Colocar a esperança”
implica decisão: eu decido colocar a esperança em Deus; eu decido esperar. Veja
que a palavra “desespero” significa “sem esperança”, “não esperar”. Portanto,
não se desespere, mas decida ter esperança! Esse é o primeiro ponto que precisa
ser destacado.
Acerca do ato de esperar, perceba que essa atitude não é passiva. Quando
estamos aguardando algo, achamos que nada podemos fazer. Ficamos distraídos,
simplesmente esperando algo acontecer. E essa espera passiva é o que nos gera
ansiedade. Se estivéssemos ocupados durante o tempo de espera, a ansiedade não
alcançaria níveis fora da normalidade. Veja o que o texto diz: “ele se inclinou
para mim e ouviu o meu grito de socorro” ou “ele ouviu o meu clamor” (verso 1).
O que Davi fazia enquanto esperava em Deus? Ele cruzou os braços esperando algo
acontecer? Ele estava distraído com outras coisas? Ele assistia à televisão
para distrair a mente? Não! Ele clamava a Deus. Eu aprendi que o tempo de
espera requer de mim uma atitude de busca. A espera não é um tempo de passividade,
mas um tempo de atividade, tempo em que devo nutrir um relacionamento íntimo
com o meu Pai. E o texto deixa claro que o Senhor ouve atentamente o pedido de
socorro: “ele se inclinou para mim” (verso 1).
Quando buscamos verdadeiramente a face de Deus, veja que Ele não apenas
ouve, mas atende o pedido. Aprendo que o tempo de espera não é permanente, mas
tem um fim. No verso 2, vemos a resposta do Senhor: “Ele me tirou de um poço de
destruição, de um atoleiro de lama”. Ele me tirou! Era algo que não dependia do
salmista, mas da intervenção divina. O livramento daquela situação impossível
só Deus poderia dar. O texto diz que Deus o tirou do lamaçal – que simboliza a
angústia – e colocou os seus pés sobre uma rocha, um lugar seguro (verso 2). Quando
esperamos em Deus, quando colocamos nele toda a nossa confiança, podemos ter a
certeza de que Ele virá nos socorrer, nos salvar, nos colocar em segurança,
trazer paz ao nosso coração.
Ao escrever essas palavras, lembro-me do conselho do apóstolo Paulo: “Não
andem ansiosos por coisa alguma, mas em tudo, pela oração e súplicas, e com
ação de graças, apresentem seus pedidos a Deus. E a paz de Deus, que excede
todo o entendimento, guardará os seus corações e as suas mentes em Cristo Jesus”
(Filipenses 4:6,7). A atitude certa no tempo da espera é a oração, a súplica, a
ação de graças e, como resposta, a paz de Deus guardará nossos corações.
Perceba que nem sempre a resposta de Deus corresponderá ao fim da situação
difícil. A “paz que vai além do entendimento” é justamente descansar em Deus,
ainda que as circunstâncias sejam adversas. Descansar em Deus, confiar nele
durante o tempo de espera, esse é o caminho para não andar angustiado.
Esperar da forma correta é um princípio que precisa ser aprendido.
Confesso que eu mesma sou uma pessoa ansiosa, mas tenho entendido que está em
minhas mãos não viver ansiosa. Primeiramente eu preciso me conscientizar de que
preciso mudar. É a mudança de mente que gera mudança no comportamento. Então,
em vez de ficar aflita durante a espera, decido confiar e buscar mais e mais a
presença do meu Deus, que é o que verdadeiramente me concede a paz de que
preciso. E não se assuste, pois para aprender é necessário passar pelas
situações reais. Uma coisa é ter a teoria, outra é experimentar na prática.
Entenda que o tempo de espera é um tempo de aprendizado, em que o Senhor está ensinado
você a não viver dominado pelas circunstâncias, mas a caminhar sobre elas.
Aprenda a andar sobre as águas!
O verso 3 retrata a reação do salmista ao experimentar o livramento de
Deus. O que ele faz? Ele louva ao Senhor. O texto diz que o próprio Deus pôs um
cântico novo em sua boca. Um cântico novo é resultado de uma nova experiência.
Davi tinha novos motivos para adorar a Deus. A cada situação difícil que
passamos, Deus nos dá motivos para louvar e agradecer pela Sua presença, pelo Seu
socorro, pelo Seu cuidado. Que possamos render ao Senhor nosso cântico novo,
todos os dias, reconhecendo a Sua soberania em nossas vidas.
Mas veja que esse estado de gratidão a Deus pelo livramento serve de
testemunho a outras pessoas. O texto diz: “Muitos verão isso e temerão, e
confiarão no Senhor”. As pessoas ao nosso redor estão observando as nossas
atitudes de adoração. É o testemunho de quem Deus é para nós que faz com que
elas queiram experimentar o cuidado Dele também. Elas observam o nível de
entrega e dependência de Deus, os consequentes livramentos dados por Ele e a
nossa gratidão pelas novas experiências alcançadas no Senhor.
Concluindo, aprendo que esperar da forma correta é a chave para ter uma
vida plena e promover mudança ao nosso redor. Gerar intimidade com Deus no
tempo de espera, render um cântico novo a Ele em gratidão por cada experiência
nova e dar um testemunho fiel do agir do Senhor em nossas vidas são os passos
trilhados pelo salmista. Que sigamos por esse caminho também!
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