Eu não tenho dúvidas de que Jesus
tem prazer em resgatar a dignidade do ser humano. Há várias passagens bíblicas
que mostram o Senhor revelando o Seu amor e a Sua graça àqueles que são
menosprezados pela sociedade, ou que se sentem rejeitados. A história da mulher
hemorrágica é uma prova disso. Na verdade, eu me identifico muito com ela, pois
houve um tempo na minha vida que passei exatamente por esse processo. O fato é
que, às vezes, só entendemos a dimensão da dor quando passamos por ela. Aprendi
que tudo na vida tem um propósito, seja para nosso próprio amadurecimento, seja
para a edificação de outras pessoas. Recentemente ouvi uma declaração que abriu
meu entendimento sobre o que passei: “A sua dor tem uma aliança com o seu
propósito”. Hoje eu entendo que o processo pelo qual passei foi importante para
meu crescimento espiritual, pois pude experimentar o cuidado do Senhor tanto no
meu físico como no meu emocional.
Em Marcos 5.25-34, lemos que Jesus
havia acabado de chegar de Gadara, onde havia libertado um homem possuído por
demônios. Ao desembarcar na praia, uma multidão vinha ao seu encontro. Um dos
chefes da sinagoga local, cujo nome era Jairo, veio até o Mestre e lhe suplicou
que fosse até a sua casa, pois sua única filha estava muito doente e à beira da
morte. Prontamente, Jesus atendeu ao pedido daquele homem. Durante o trajeto,
entrou em cena esta mulher que, apesar de abatida, demonstrou ousadia para ser
curada. A seguir, destacaremos alguns ensinamentos relevantes deste trecho
bíblico:
Inicialmente, vemos que Jesus
interrompeu a ida à casa de Jairo para dar atenção a ela. Isso nos mostra que
Jesus se importa com todos. Enquanto Jesus se dispôs a acompanhar Jairo, um
homem religioso, ele se deteve no meio do caminho também para tratar a vida
daquela mulher que era rejeitada. Sim, ele tem tempo para todos! Ele tem tempo
para mim e para você!
Outro fator importante é entender
o contexto cultural da época. Naquele tempo não havia muitos recursos para a
mulher se higienizar em período menstrual. Então, para preservar a sua saúde,
ela deveria ficar isolada até parar o sangramento. A própria lei assegurava
esse direito à mulher (Lv 15:19-20). No entanto, um período que leva de 7 a 10
dias se tornou em 12 anos, pois ela padecia com uma hemorragia que não cessava.
Dessa forma, o fluxo menstrual mantinha esta mulher distante da sociedade (Lv
15:25).
Com base nisso, entende-se que,
após um longo tempo neste estado, aquela mulher sofria com complicações
físicas: certamente ela apresentava um grave quadro anêmico, que lhe causava
fraquezas, indisposição, cansaço, dor. Não apenas isso, ela também devia
apresentar complicações psicológicas: o isolamento social provavelmente a deixava
deprimida. Logo, podemos concluir que aquela mulher tinha a sua própria vida se
esvaindo, em todos os sentidos. Ela tinha que lidar com o sangramento físico,
mas havia também o sangramento emocional, ou seja, a dor emocional que a afligia.
O texto diz que ela buscou a cura
em vários médicos (v. 26), sem obter o resultado esperado. Ela havia buscado
socorro daqueles que poderiam ajudá-la (os médicos), mas não obteve o resultado
esperado. Aquela mulher, então, ao saber que Jesus estava passando por sua
cidade, não hesitou em ir ao Seu encontro. Certamente ela já conhecia a fama do
Mestre, pois as notícias dos milagres se espalhavam por todos os lugares. Em
Marcos 3:10 está escrito: “Pois curava muitas pessoas, de modo que todos os que
tinham alguma enfermidade se esforçavam para chegar perto, a fim de poderem
tocar nele.”. Naquele dia, aquela mulher saiu de casa decidida apenas a tocar
nas vestes de Jesus, pois sabia que muitos eram curados dessa forma (verso 28).
Ela não queria se expor nem estar em evidência, muito menos causar escândalo.
Ela queria apenas ser curada, mas Jesus tinha algo mais a fazer pela sua vida.
Para tocar em Jesus, aquela
mulher precisava romper com as pressões. Pressões internas, representadas pela
sua fragilidade física e emocional; pressões externas, representadas pela
multidão que disputava entre si para se aproximar do Senhor.
Preciso dizer-lhe: Talvez você já
tenha recorrido a diversos caminhos no intuito de estancar o sangramento da sua
alma, daquilo que provoca dor no seu íntimo, mas nada mudou. Saiba que esta
ferida no seu interior somente Jesus tem o poder de curar. Perceba que aquela
hemorragia foi o fator motivador para a mulher romper com tudo e ir ao encontro
de Jesus. Ela não O conhecia, apenas tinha ouvido falar dos milagres e, em seu
coração, creu que somente o Senhor tinha poder para resolver o seu problema. E
você? Que feridas têm provocado esse sangramento do seu coração, fazendo você
perder a sua vida? Quero encorajá-lo a ir ao encontro do Mestre! Vá ao Seu
encontro, assim como fez aquela frágil mulher. Não dê importância às vozes internas
(o medo, os preconceitos arraigados na mente...) nem dê ouvidos às vozes
externas (talvez digam que você não merece a atenção de Jesus ou digam que não
vale a pena). Não lhes dê ouvidos! Caminhe ao encontro de Jesus, pois só Ele
tem poder para tratar nossa alma abatida.
O texto bíblico diz que ela conseguiu
vencer a multidão e, por trás, tocou na orla das vestes de Jesus. Imediatamente
ela sentiu que seu corpo estava sarado, que a hemorragia havia cessado. No
entanto, o seu plano de permanecer no anonimato foi por água abaixo. Logo que
foi curada, o Senhor perguntou: “Quem tocou na minha roupa?” (v. 30). Os
discípulos ficaram assustados porque ele estava sendo tocado por todas as
partes do corpo, visto que havia uma multidão que o apertava (v. 31). Daqui
podemos tirar mais uma lição: há dois tipos de toque. Há aquele que ocorre
apenas devido às circunstâncias, que se limita ao aspecto natural, e há aquele
que provoca o fluir do Espírito em nós. Diz o texto que, ao tocar o Mestre,
saiu virtude (poder) dele (v. 30). Este é o toque que Jesus espera de nós! Um
toque apaixonado, que move o agir do Espírito! Um toque movido por um coração
quebrantado, que faz Jesus parar tudo para falar com você. Um toque que provoca
o fluir do Seu poder, da Sua glória!
A mulher foi imediatamente
curada. Era o suficiente para ela; mas para Jesus ainda faltava algo mais. Mais
do que a cura física, o Senhor queria restaurar a identidade daquela mulher. Jesus
começou a perguntar para a multidão quem o havia tocado. Sua intenção era que a
mulher se manifestasse publicamente e revelasse o milagre. O Senhor confirma,
com essa atitude, o valor que há em testemunhar das bênçãos que recebemos dele.
Jesus continuou procurando-a, até que ela resolveu se apresentar a Ele, mesmo
com medo, e lhe declarar toda a verdade. (v. 32,33).
Diante do testemunho dela, Jesus confirmou a sua cura, mas não apenas isso, também restaurou a sua identidade. Ao chamá-la de “filha”, o Senhor derrubou todo tipo de pensamento de inferioridade que dominava a mente daquela mulher. Após um período de doze anos padecendo, ela realmente devia acreditar que não era importante, que não tinha valor. Perceba que ela não havia mencionado nada referente aos seus sentimentos, mas Jesus entendia a profundidade da sua dor e proferiu uma palavra de cura sobre a hemorragia que havia em sua alma. Ela precisava se sentir amada! Ela precisava saber que era filha! Aquela palavra era o remédio necessário para restaurar a sua percepção em relação a si mesma. Aleluia! Mais do que manifestar um milagre, Jesus se preocupa em restaurar o ser humano integralmente. Glorificado seja o Seu santo nome por tão grande amor!
Parabéns, Adriana! Você é uma mulher virtuosa, excelente escritora. Sou tua fã
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