Dá-me um coração cheio de discernimento: o pedido de Salomão

 

O pedido que Salomão fez agradou ao Senhor (1 Reis 3:10)

Sem dúvidas, Salomão estava diante de um grande desafio. Seu pai Davi não tinha mais condições de governar devido à idade avançada e, portanto, era necessário que o novo rei assumisse o papel de líder da nação de Israel. Assim Davi lhe disse:

“Obedeça ao que o Senhor, o seu Deus, exige: Ande nos seus caminhos e obedeça aos seus decretos, aos seus mandamentos, às suas ordenanças e aos seus testemunhos, conforme se acham escritos na Lei de Moisés; assim você prosperará em tudo o que fizer e por onde quer que for, e o Senhor manterá a promessa que me fez: ‘Se os seus descendentes cuidarem de sua conduta, e se me seguirem fielmente de todo o coração e de toda a alma, você jamais ficará sem descendente no trono de Israel’” (1 Reis 2:3-4)

A Bíblia diz que Salomão amava ao Senhor e prestava culto a Ele (1Rs 3.3), ou seja, o jovem seguia fielmente o conselho dado por Davi. No entanto, imagino que essa nova realidade – ser rei – lhe causava um certo temor. Salomão sabia o quanto seu pai era amado e respeitado pelo povo, e por ser jovem e inexperiente, provavelmente tinha receio de ser rejeitado, ou de não corresponder às expectativas do seu pai ou do próprio Deus. Talvez ele pensasse: “como poderei governar este povo com justiça, tal como meu pai? Sou tão jovem, ninguém vai acreditar em mim!” O medo do fracasso e da rejeição certamente estava cirandando seus pensamentos.

Ao meditar neste capítulo, entendi que cada um de nós é um líder em potencial. Talvez não sejamos chamados para literalmente governar uma nação, assim como Salomão, mas somos levantados para exercer liderança nos nossos lares, entre os familiares, nos círculos de amizade, no nosso trabalho, na nossa vizinhança, na nossa igreja. Sim, governar e liderar expressam o mesmo princípio. Ao sermos chamados por Deus, passamos a ser testemunhas do Seu Reino e anunciadores da justiça do Pai.

O texto bíblico diz que Salomão havia apresentado a sua oferta, a sua adoração (v. 4) e, quando adormeceu, o Senhor apareceu a ele em sonho e lhe disse para pedir o que quisesse (v.5). Ele poderia pedir qualquer coisa! Imagine se você está prestes a assumir uma função de liderança (um cargo de chefia numa empresa, a liderança de um trabalho ministerial na igreja) e Deus aparecesse a você e lhe dissesse: “Peça o que quiser, que eu te darei.”? O que você pediria? (Faça uma pausa na leitura e pense no que você pediria mesmo!)

Na continuidade do texto bíblico, Salomão apresenta sua resposta. A partir dela, gostaria de destacar alguns pontos que me fizeram pensar, e muito!

Em primeiro lugar, Salomão reconhece a bondade do Senhor sobre Davi, o qual foi fiel e justo. Salomão entende que o êxito de seu pai não foi porque era um estrategista militar ou um grande estadista, mas porque a mão do Senhor estava sobre a vida dele, visto que Davi conservava o seu coração reto diante de Deus. O segredo do sucesso de Davi era porque, mesmo sendo rei, ele reconhecia que não era nada sem a presença de Deus em sua vida. Os muitos salmos, escritos por Davi, demonstram o quanto ele amava o Senhor e dependia da Sua fidelidade. Fico pensando quantas pessoas se ensoberbecem quando assumem uma posição de destaque, não é verdade? Mas o verdadeiro caminho da sabedoria é render ao Senhor a glória que a Ele pertence!

Em segundo lugar, Salomão reconhece a sua fragilidade e é humilde, ao declarar que é um jovem e não sabe o que fazer (v.7). Interessante pensar que Salomão admitiu a sua inexperiência para assumir o reinado. Certamente ele presenciou algumas decisões tomadas por Davi ao longo dos anos (pois era um filho bem próximo), mas, mesmo assim, o jovem reconheceu que precisava da ajuda do Senhor. Creio que uma coisa que certamente entristece o coração de Deus é o sentimento de autossuficiência do homem, quando este acha que pode fazer tudo e que não precisa de ninguém, muito menos de Deus. Ter o Senhor conduzindo as suas decisões no governo era algo essencial para Salomão. Que nós busquemos a direção do Senhor em todas as áreas que exercemos liderança: na criação dos filhos, reconhecendo que dependemos de Deus para lhes dar a educação segundo os princípios da Palavra, a fim de que se tornem pessoas emocionalmente saudáveis e maduras; no trabalho, agindo com justiça e encorajando os demais a fazer o melhor como se fosse para o Senhor, independente das circunstâncias; na igreja, conduzindo os discípulos a desejarem crescer na graça e no conhecimento de Cristo diariamente.

Em terceiro lugar, Salomão pede discernimento para governar e capacidade para distinguir o bem e o mal (v.9). Uma das funções do rei era julgar as causas do povo. Causas difíceis eram trazidas à sua presença, e o rei tinha que determinar a sentença. O desejo de julgar as causas do povo de Deus com justiça era o que realmente movia o coração de Salomão. A Bíblia diz que esse pedido agradou ao Senhor (v.10). Você consegue entender por quê? Salomão poderia ter pedido qualquer outra coisa em seu próprio benefício; no entanto, ele decidiu pedir algo que o capacitaria a abençoar o povo. De fato, o Senhor nos posiciona num papel de liderança para agirmos com sabedoria e abençoarmos aqueles que convivem conosco.

Nesse pedido, o que chama mesmo a atenção é que Salomão poderia ter pedido riquezas, reconhecimento, a derrota dos inimigos, qualquer outra coisa, pois a pergunta de Deus abria essa possibilidade: “Peça-me o que quiser, e eu lhe darei.” (1Rs 3.5) Contudo, Salomão entendeu que a posição de rei não era apenas uma conquista pessoal, mas um compromisso em promover a justiça e o bem ao próximo. No pedido de Salomão, vejo claramente a diferença entre o que é lícito e o que é agradável: o lícito era desejar qualquer coisa; o agradável era pedir aquilo que abençoaria outras vidas também.

O Senhor se agradou tanto desse coração abençoador de Salomão, que não apenas concedeu o que ele queria, mas também deu o que ele não havia pedido: fama e riquezas. Por isso Deus lhe disse: "Já que você pediu isto e não uma vida longa nem riqueza, nem pediu a morte dos seus inimigos, mas discernimento para ministrar a justiça, farei o que você pediu. Eu lhe darei um coração sábio e capaz de discernir, de modo que nunca houve nem haverá ninguém como você. Também lhe darei o que você não pediu: riquezas e fama; de forma que não haverá rei igual a você durante toda a sua vida (1 Reis 3:11-13).

De acordo com o texto, Deus concedeu muito além do que Salomão pediu (Efésios 3.20). Querido leitor, quando o nosso coração está voltado para abençoar o próximo de alguma maneira, Deus nos concede bênçãos inesperadas. Salomão pediu sabedoria para governar o povo com justiça; Deus lhe concedeu não apenas sabedoria, mas também riquezas e fama.

Dessa forma, concluo com os seguintes questionamentos: como temos desempenhado os diversos papéis de liderança que ocupamos? Como temos sido em nossos lares? Temos consciência de que o desempenho da nossa profissão é para promover um crescimento coletivo? Temos conduzido o nosso ministério com sabedoria, não buscando reconhecimento pessoal, mas o engrandecimento do Reino de Deus?

Encerro esta mensagem com dois textos muito conhecidos da Palavra. O primeiro é: “O temor do Senhor é o princípio do conhecimento, mas os insensatos desprezam a sabedoria e a disciplina” (Provérbios 1:7); e o segundo é “Se algum de vocês tem falta de sabedoria, peça-a a Deus, que a todos dá livremente, de boa vontade; e lhe será concedida” (Tiago 1:5). Que sigamos o exemplo de Salomão, reconhecendo que toda a fonte de sabedoria vem do Senhor e que dependemos em tudo dEle.

Adriana Pessanha

Comentários

  1. Que Deus continue te abençoando e dando sabedoria para que sejas luz na vida das pessoas. Um grande abraço!

    ResponderExcluir
  2. Amém amiga! Palavra abençoada, que possamos ter sabedoria 🥰🙌🏽🙏🏼

    ResponderExcluir
  3. Perfeito, como sempre! Obrigada por compartilhar suas reflexões e nos abençoar.

    ResponderExcluir
  4. Texto perfeito. Temos muito o que aprender com o exemplo de Salomão para sermos líderes que transforma vidas.

    ResponderExcluir
  5. Que palavra maravilhosa. Perfeita para refletirmos e avaliar o nosso desempenho na obra que nos foi confiada; em casa, na sociedade, no trabalho, na Igreja... E acertamos os pontos frágeis para uma colheita proveitosa. Deus te abençoe, mulher valorosa, jóia rara do Senhor.

    ResponderExcluir

Postar um comentário