Dando
sequência ao estudo sobre esta parábola ensinada por Jesus, vamos refletir
sobre o solo espinhoso e o solo bom. Lembro que os textos-base utilizados são
Mateus 13:1-23, Marcos 4:3-20 e Lucas 8:5-15.
Os
três evangelhos mostram que uma parte das sementes caiu entre espinhos, mas
Lucas apresenta uma informação importante: “Outra caiu no meio dos espinhos;
e estes, ao crescerem com ela, a sufocaram” (Lucas 8:7). Entende-se,
portanto, que o espinho cresce ao mesmo tempo que a semente. Quando a
semente foi lançada, os espinhos estavam no solo, mas eram pequenos. Aparentemente
eram inofensivos, não causariam danos; mas, ao crescerem, acabaram tomando o
espaço necessário para a planta se desenvolver, sufocando-a. Jesus está nos
alertando que, da mesma forma, existem “espinhos” sutis em nossas vidas que, se
não forem controlados enquanto pequenos, podem afetar consideravelmente a nossa
comunhão com Deus. Veja que a semente
germina e cresce juntamente com o espinho, e este acaba impedindo que a planta
produza frutos. O grande problema dos espinhos é que eles concorrem com a
planta quanto ao espaço e aos nutrientes do solo, e até mesmo quanto à
luminosidade. Eles acabam “tirando a força” que a planta teria para crescer e
produzir. De forma análoga, os espinhos correspondem às coisas que podem
parecer inofensivas, mas que estão em concorrência com a Palavra de Deus em
nossa vida.
Em
Mateus, lemos a seguinte explicação dada pelo Mestre: “O que foi semeado
entre os espinhos é o que ouve a palavra, porém as preocupações deste mundo e a
fascinação das riquezas sufocam a palavra, e ela fica infrutífera “ (Mateus
13:22)
O
problema abordado por Jesus nesse tipo de solo é relacionado às coisas que têm prioridade
para nós. Então, ele destaca duas áreas que podem roubar a atenção do
discípulo, fazendo com que se esqueça do Senhor: as preocupações desta vida e a
fascinação das riquezas. Vejamos cada uma mais detalhadamente.
De
acordo com o dicionário, preocupação é uma ideia fixa, permanente,
dominante e antecipada que perturba o pensamento. O fato de a preocupação
ser uma ideia antecipada me chama a atenção, visto que ela retrata uma
inquietação por algo que ainda não aconteceu. É quando há apenas uma suposição
de que algo ruim vai acontecer e sofremos por antecipação! Paulo orienta os
cristãos a não andarem ansiosos por coisa alguma (Filipenses 4:6). É fato que
as preocupações chegam e tentam abalar a nossa fé, mas precisamos nos
posicionar em oração, conforme ensina o apóstolo. Entendo,
portanto, que a preocupação está diretamente relacionada à falta de confiança.
Tiramos o foco da nossa atenção de Deus e o colocamos nos problemas que
precisamos resolver.
Em
Mateus 6:25-34, Jesus ensina acerca da preocupação com as coisas materiais
(comida e vestimenta). O Mestre dá o exemplo de que Deus cuida das aves do céu
e dos lírios do campo e, portanto, cuida muito mais daqueles que O buscam. Temos
a promessa da provisão e, com base nela, não precisamos temer. Podemos confiar,
pois Deus abençoa o fruto do nosso trabalho. Acho importante destacar que Jesus
disse para os discípulos buscarem em primeiro lugar o Reino de Deus: “Busquem,
pois, em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça, e todas essas coisas
lhes serão acrescentadas” (Mateus 6:33). Isso revela a necessidade de
priorizar a relação de confiança no Senhor, crendo na Sua provisão (buscar em
primeiro lugar é o mesmo que ter o Reino como prioridade!). Não significa que
os discípulos não precisariam trabalhar, mas que seus corações não deveriam
estar preocupados se conseguiriam o sustento diário, pois o Senhor abençoaria o
esforço deles com os recursos necessários. Alimento e vestimenta são coisas
lícitas, necessárias a todos nós; o problema é quando essas preocupações
ofuscam a nossa confiança no Senhor. Ele é Deus provedor! Não se esqueça disso!
Outro exemplo que me recordo é da ocasião em que Marta estava preocupada ao receber Jesus em sua casa (Lucas 10:38-42). Não tenho dúvidas de que Marta amava o Senhor. Vejo muitas pessoas que a julgam mal por causa desse episódio, mas perceba que sua aflição era até legítima (imagine se você recebesse em sua casa uma comitiva de pelo menos doze pessoas para comer?!) Mas o Senhor diz a ela que aprender com Ele era mais importante do que qualquer outra coisa (se Maria escolheu a melhor parte, ela também poderia ter escolhido). O alerta de Jesus era para ela priorizar o Seu ensino naquele momento: “Respondeu o Senhor: "Marta! Marta! Você está preocupada e inquieta com muitas coisas” (Lucas 10:41). A preocupação lhe roubava a atenção do que Jesus estava ensinando. Aqui eu entendo que não podemos desperdiçar as boas oportunidades de aprender com o Mestre.
Muitas vezes ficamos distraídos com tantas coisas... Pare um pouco e pense: o que tem desviado a sua atenção do Senhor e tem enfraquecido a sua confiança Nele? Nessas horas, é importante trazer à memória o que a Palavra diz, substituir os pensamentos de angústia pelas promessas do Senhor: “Finalmente, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é respeitável, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se alguma virtude há e se algum louvor existe, seja isso o que ocupe o pensamento de vocês” (Filipenses 4:8). Geralmente nos preocupamos com situações legítimas (trabalho, afazeres domésticos, família e tantas outras coisas), mas a questão é quando essa inquietação toma conta do nosso coração e, aos poucos, nossa fé vai sendo enfraquecida e deixamos de crer que Deus está no controle de qualquer circunstância. De forma sutil, a ansiedade concorre com a nossa confiança em Deus.
Outro
espinho retratado por Jesus é a fascinação pelas riquezas. Aqui é um ponto
interessante porque muitos avaliam que ser rico é um pecado. Não é isso! A
Palavra diz que Jesus teve alguns discípulos que eram ricos, como por exemplo
José de Arimateia (Mateus 27:57). Na verdade, a ênfase do Senhor é na fascinação!
Existem muitas pessoas que tomam decisões avessas à Palavra de Deus para se
tornarem ricos! A corrupção, por exemplo, é movida pelo fascínio pelo dinheiro.
O problema não é ser rico, não é o dinheiro em si, mas o amor a ele,
tornando-o um deus: pois o amor ao dinheiro é raiz de todos os males.
Algumas pessoas, por cobiçarem o dinheiro, desviaram-se da fé e se atormentaram
a si mesmas com muitos sofrimentos (1 Timóteo 6:10). Jesus declara, ainda: "Ninguém
pode servir a dois senhores; pois odiará a um e amará o outro, ou se dedicará a
um e desprezará o outro. Vocês não podem servir a Deus e ao Dinheiro"
(Mateus 6:24). Para muitos, o dinheiro acaba se tornando um ídolo e concorrendo
com o lugar de Deus no coração do discípulo.
Portanto,
querido leitor, fiquemos com o conselho do Mestre:
"Não
acumulem para vocês tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem destroem, e
onde os ladrões arrombam e furtam. Mas acumulem para vocês tesouros no céu,
onde a traça e a ferrugem não destroem, e onde os ladrões não arrombam nem
furtam. Pois onde estiver o seu tesouro, aí também estará o seu coração
(Mateus 6:19-21)
Perceba
que as preocupações e o fascínio pelas riquezas são perigos sutis, que vão
tomando conta aos poucos do nosso coração. Que a prática dos princípios da
Palavra de Deus seja o nosso maior tesouro, o que tenha maior valor para nós. Que
seja a nossa prioridade!
Em
último lugar, Jesus fala acerca do solo bom: “Outra ainda caiu em boa terra,
germinou, cresceu e deu boa colheita, a trinta, sessenta e até cem por
um". (Marcos 4:8). Ele explica da seguinte forma: “Outras pessoas
são como a semente lançada em boa terra: ouvem a palavra, aceitam-na e dão uma
colheita de trinta, sessenta e até cem por um" (Marcos 4:20).
Quais
características possui um solo bom? Em primeiro lugar, entendemos que o solo é
mais solto, aerado, o que facilita a penetração da semente; é livre de
obstáculos (como pedras e torrões) que impedem o aprofundamento das raízes;
possui nutrientes e umidade essenciais ao crescimento da planta. Ou seja, o
solo bom tem todas as características favoráveis ao desenvolvimento saudável da
planta. De igual forma, quando o nosso coração é sensível, quando nossa fé está
bem firmada (raízes profundas), quando nos alimentamos com a Palavra de Deus
(nutriente necessário) e quando há água suficiente (a presença do Espírito
Santo), certamente teremos uma vida frutífera!
Quando
falamos em dar frutos, o texto que me vem à mente é o do Salmo 1: “É como
árvore plantada à beira de águas correntes: Dá fruto no tempo certo e suas
folhas não murcham. Tudo o que ele faz prospera!” (Salmos 1:3). Você já viu
como o solo às margens do rio é fértil? O salmista declara que essa árvore dá
fruto na estação certa e não murcha! O segredo está no verso anterior: “Ao
contrário, sua satisfação está na lei do Senhor, e nessa lei medita
dia e noite (Salmos 1:2). Aquele que produz frutos tem prazer na
Palavra de Deus e medita nos seus ensinamentos.
Mas
o que seriam esses frutos? Paulo diz que o cristão firmado em Deus produz o
fruto do Espírito: “Mas o fruto do Espírito é amor, alegria, paz, paciência,
amabilidade, bondade, fidelidade, mansidão e domínio próprio. Contra essas
coisas não há lei” (Gálatas 5:22,23). Portanto, aquele que prioriza uma
vida de intimidade com Deus (que tem prazer nas Escrituras e medita nela)
produzirá as características do Espírito Santo!
Agora
veja: você sabe o que tem dentro de um fruto? A semente! Isso mesmo! Aquele que
produz o fruto do Espírito, que expressa o caráter de Cristo, está anunciando
com a sua própria vida a Palavra de Deus! Paulo declara: “Vocês demonstram
que são uma carta de Cristo, resultado do nosso ministério, escrita não com
tinta, mas com o Espírito do Deus vivo, não em tábuas de pedra, mas em tábuas de
corações humanos (2 Coríntios 3:3). Somos cartas vivas que anunciam o Reino
de Deus, por meio do nosso testemunho e pregação. Quem produz frutos, produz
discípulos! As quantidades (cem, sessenta e trinta) demonstram que uns produzem
mais; outros, menos, mas todos frutificam! Querido leitor, nós somos chamados
para dar frutos e, para tanto, precisamos preparar o nosso coração para receber
a semente da Palavra de Deus. Talvez pareça tão difícil, mas digo a você que
pela nossa força não é possível mudar; nós precisamos do auxílio do Espírito
Santo. Não somos perfeitos, mas estamos num processo para sermos aperfeiçoados!
Provérbios diz: “Mas a vereda dos justos é como a luz do alvorecer, que vai
brilhando mais e mais até ser dia claro” (Provérbios 4:18). Viu? Estamos no
processo!
Agora
pare um pouco e examine a si mesmo. Não pense nos outros, mas em você. Como
está seu coração? Confesso que o Senhor falou muito comigo através deste
estudo. Não sei qual é a sua conclusão, mas a minha é que percebo em mim
características dos quatro solos. Em algumas situações resisto à voz de Deus,
como o solo à beira do caminho; também há sentimentos negativos que preciso me
desvencilhar, como o medo, por exemplo (tal qual o solo pedregoso); muitas
vezes também me vejo preocupada demais com as coisas desta vida (como o solo
espinhoso); mas também tenho um amor profundo pela Palavra de Deus e o desejo
de conhecê-Lo cada vez mais para abençoar outras pessoas (como o solo bom).
E
você? Como está seu coração? Ouça a voz do Espírito e deixe que Ele mude o que
for preciso para torná-lo cada vez mais sensível à Palavra. Que seu coração
seja um solo fértil, para a glória de Deus!
Gloria a Deus 🙌🏽🙌🏽
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