A Parábola do Semeador (parte 1)

A Parábola do Semeador é umas das muitas que Jesus proferiu, e ela é tão relevante que aparece registrada em três evangelhos (Mateus 13:1-23, Marcos 4:3-20 e Lucas 8:5-15). O Mestre usa uma situação típica do cotidiano do povo para ensinar sobre os tipos de pessoas que ouviam os seus ensinamentos. A atividade agrícola era intensa nos tempos bíblicos; logo, era um assunto com que as pessoas tinham familiaridade. Nela podemos destacar os seguintes elementos: a semente, o semeador e os tipos de solo.

A semente representa a palavra de Deus. Interessante notar que é a mesma semente lançada nos quatro tipos de solo (veja que está escrito “parte dela” e “outra parte”, referindo-se a uma porção da mesma semente). A palavra de Deus é única, é a mesma que está ao alcance de todas as pessoas. Deus não faz distinção! Em João 3:16, vemos que Deus amou o mundo (a todos) com um amor inigualável, a ponto de dar Seu único filho:

Porque Deus tanto amou o mundo que deu o seu Filho Unigênito, para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna. Pois Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para condenar o mundo, mas para que este fosse salvo por meio dele. Quem nele crê não é condenado, mas quem não crê já está condenado, por não crer no nome do Filho Unigênito de Deus. (João 3:16-18)

De acordo com o texto acima, a mensagem da salvação em Cristo Jesus é para todos; contudo, ao homem é dado o direito de crer ou não na Sua pregação. A condição de escolher ou rejeitar a mensagem de Cristo faz parte do livre-arbítrio do homem. Deus não obriga ninguém a acreditar nEle (o ato de crer é uma decisão individual), mas Seu desejo é que todos se salvem, pois Ele ama a todos, sem distinção.

O semeador é aquele que tem a responsabilidade de lançar a semente. Veja que ele não faz distinção entre os solos, não faz uma avaliação prévia para dizer se a terra tem condições ou não de receber a semente. Da mesma forma, aquele que anuncia a palavra de Deus não deve julgar quem tem condições de ouvi-la. Isso mostra que Deus nunca fez acepção de pessoas e, seguindo Seu exemplo, os pregadores da Sua palavra também não devem fazê-lo.

Na parábola, o mestre diz que os quatro tipos de solo representam os corações das pessoas. O estado em que se encontra o coração do homem ao receber a palavra de Deus é o que distingue os resultados. Entenda: o resultado não depende da qualidade da semente ou do semeador, mas do solo. Um solo preparado tem condições para receber a semente, de forma que ela germine e dê bons frutos. Dessa forma, faço a você a mesma pergunta que fiz a mim mesma: Como está o seu coração? Deus está o tempo todo, de diferentes formas, falando a você! Como você tem recebido a Sua palavra?

O primeiro solo descrito por Jesus é aquele que se encontra à beira do caminho: “Enquanto lançava a semente, parte dela caiu à beira do caminho, e as aves vieram e a comeram” (Mateus 13:4). Por estar em um lugar de passagem, esse solo é bastante compactado, duro, o que impede a penetração da semente. Dessa forma, ela fica exposta e vulnerável ao ataque das aves que vêm comê-la. O Senhor dá a seguinte explicação para os discípulos: “Quando alguém ouve a mensagem do Reino e não a entende, o Maligno vem e lhe arranca o que foi semeado em seu coração. Este é o que foi semeado à beira do caminho” (Mateus 13:19). Fica claro aqui que o ouvir corresponde apenas à capacidade natural da audição; não houve entendimento, devido à dureza do coração do homem.

Vale ressaltar também que a capacidade de entender a palavra de Deus não depende do intelecto humano, mas da revelação divina: o Senhor revela a sua vontade para aqueles que estão dispostos a ouvi-la de todo o coração (sensíveis ao Seu ensinamento). De acordo com pesquisas, a Bíblia é o livro mais vendido e lido do mundo.[1] A partir desse dado, pare e pense: se apenas a leitura das Escrituras fosse o suficiente, você não acha que a realidade mundial seria bem diferente? A verdade é que muitos leem a Palavra, conhecem alguns textos bíblicos, mas não procuram entender qual é a vontade de Deus e praticá-la. Muitos leem as Escrituras apenas como fonte histórica, mas não como revelação da vontade de Deus.

O solo à beira do caminho está associado à dureza do coração, ou seja, à incredulidade. Quando endurecemos o nosso coração, ocorre o que Jesus disse: o Maligno rouba a palavra de Deus do coração: “Algumas pessoas são como a semente à beira do caminho, onde a palavra é semeada. Logo que a ouvem, Satanás vem e retira a palavra nelas semeada” (Marcos 4:15). A Bíblia diz também que a incredulidade é impedimento para a realização de milagres: “E não realizou muitos milagres ali, por causa da incredulidade deles” (Mateus 13:58).

A palavra de Deus nos adverte:

Cuidado, irmãos, para que nenhum de vocês tenha coração perverso e incrédulo, que se afaste do Deus vivo. Pelo contrário, encorajem-se uns aos outros todos os dias, durante o tempo que se chama "hoje", de modo que nenhum de vocês seja endurecido pelo engano do pecado, pois passamos a ser participantes de Cristo, desde que, de fato, nos apeguemos até o fim à confiança que tivemos no princípio. Por isso é que se diz: "Se hoje vocês ouvirem a sua voz, não endureçam o coração, como na rebelião" (Hebreus 3:12-15)

Portanto, hoje é o tempo de buscar ao Senhor! Que você tenha um coração sensível para ouvi-Lo: “Os sacrifícios que agradam a Deus são um espírito quebrantado; um coração quebrantado e contrito, ó Deus, não desprezarás” (Salmos 51:17).

O segundo solo apresentado por Jesus é o pedregoso: “Parte dela caiu em terreno pedregoso, onde não havia muita terra; e logo brotou, porque a terra não era profunda. Mas quando saiu o sol, as plantas se queimaram e secaram, porque não tinham raiz” (Mateus 13:5,6). A explicação que o mestre dá é a seguinte: “Quanto ao que foi semeado em terreno pedregoso, este é aquele que ouve a palavra e logo a recebe com alegria. Todavia, visto que não tem raiz em si mesmo, permanece por pouco tempo. Quando surge alguma tribulação ou perseguição por causa da palavra, logo a abandona” (Mateus 13:20,21)

Interessante perceber que é possível a penetração da semente no solo pedregoso; contudo, o problema é que ele não possui profundidade devido às pedras existentes no seu interior, as quais impedem a planta de criar raízes firmes.

Pesquisando sobre este tipo de solo, descobri algumas coisas bastante interessantes: o solo pedregoso absorve pouca água e é pobre em minerais; além disso, é bastante comum em várias regiões do mundo[2]. A escassez de água coincide com o que a Bíblia diz: “Parte dela caiu sobre pedras e, quando germinou, as plantas secaram, porque não havia umidade” (Lucas 8:6). Por ser facilmente encontrado, fiquei pensando: “Será que há muitas pessoas com o coração assim?”.

Muitos aceitam a palavra de Deus com alegria, ou seja, a recebem com entendimento, mas as “pedras” escondidas no coração impedem que tenham uma fé fortalecida (raízes profundas) e, saindo o sol (a tribulação ou a perseguição), não resistem e deixam de crer na palavra. E o que seriam essas “pedras” ocultas? Podemos dizer que a culpa, a falta de perdão (em relação ao outro ou até em relação a si mesmo), o medo descontrolado, a impulsividade, a inveja, o ódio e tantos outros sentimentos negativos agem como “pedras”, obstáculos para o desenvolvimento de uma fé fundamentada em Deus. A palavra diz que as pessoas que têm esse tipo de coração creem por um tempo, mas acabam abandonando a fé por causa das tribulações e perseguições. Querido leitor, não permita que nenhum sentimento opressor domine seu coração a ponto de afastá-lo da presença do Pai! Para criar raízes mais profundas, tenha uma vida de oração e leitura da Palavra! Medite nela todos os dias! Encha seu coração e sua mente com a palavra de Deus! Peça ajuda ao Espírito Santo para vencer esses obstáculos. Lembre-se de que, na Bíblia, a água representa a ação do Espírito Santo em nós; portanto, deixe Ele regar o solo seco do seu coração.

Finalmente, irmãos, tudo o que for verdadeiro, tudo o que for nobre, tudo o que for correto, tudo o que for puro, tudo o que for amável, tudo o que for de boa fama, se houver algo de excelente ou digno de louvor, pensem nessas coisas (Filipenses 4:8).

Na próxima mensagem falarei sobre o solo espinhoso e o fértil. Até lá! Deus abençoe a sua vida!

 Adriana Pessanha

 

 

---

[1] https://blog.saraiva.com.br/livros-mais-lidos-do-mundo/

[2] https://maestrovirtuale.com/solos-pedregosos-caracteristicas-culturas-e-problemas/