No caminho de Emaús: reavivando as promessas de Deus em nossos corações

Perguntaram-se um ao outro: "Não estavam ardendo os nossos corações dentro de nós, enquanto ele nos falava no caminho e nos expunha as Escrituras? " Lucas 24:32

O cenário era de profunda tristeza e desolação. Total desesperança. Jesus tinha sido crucificado e estava morto, e agora seus discípulos não sabiam o que fazer. Na verdade, eles ainda não haviam entendido o propósito da morte de Cristo. Muitos acreditavam que ele era o libertador do povo judeu, mas apenas no âmbito terreno (Lc 24.21). Naquele tempo, o povo judeu vivia sob domínio do Império Romano, e Jesus era visto como o rei que romperia com esse jugo opressor. De fato, a esperança dos judeus era muito limitada em relação à grandiosidade da obra que Jesus veio realizar na terra. Sim, Jesus veio para estabelecer seu Reino, o qual não se limita ao domínio deste mundo. Ele é o Rei dos reis, Soberano! Que nossa fé não seja limitada pelas circunstâncias contrárias, mas possamos crer que Deus tem o controle de tudo em suas mãos!

Em Lucas 24.13-35, vemos a história de dois discípulos que regressavam para a aldeia onde moravam, chamada Emaús. Diz o texto que, ao longo do caminho, eles conversavam e discutiam sobre tudo que havia acontecido (vs. 14-15). Imagino que eles se questionavam: “Como Jesus, que realizou tantos milagres, morreu daquela forma?” “Como faremos agora, pois ele era a nossa esperança para ficarmos livres dos romanos!”. Talvez você esteja se perguntando agora: "Como Deus permite que uma praga como essa assole todo o mundo?"

Em meio àquela conversa, Jesus surgiu e se uniu a eles no caminho, mas os homens não o reconheceram (v.16). Os discípulos estavam tão abatidos com a morte de Cristo que sequer perceberam que conversavam com o próprio Mestre! Muitas vezes, nós agimos da mesma forma: nossos olhos estão tão focados nos problemas, nas circunstâncias difíceis pelas quais passamos, e ficamos tão prostrados que não conseguimos enxergar que o Senhor está conosco em nossa caminhada. Nossos olhos espirituais ficam impedidos de ver a glória de Deus quando limitamos o nosso olhar ao plano natural, quando enxergamos apenas as dificuldades desta vida. E, certamente, quando assim o fazemos, ficamos abatidos, tal como aqueles discípulos.

Na sequência do texto, Jesus perguntou qual era o assunto da conversa. Aqueles homens ficaram espantados, tendo em vista que a notícia da morte de Jesus tinha se espalhado por toda a Jerusalém (v.18). Jesus insistiu que eles contassem tudo o que havia acontecido, e assim o fizeram (vs. 19-24). Aqui, vejo o quanto Jesus é amoroso ao dar oportunidade para aqueles homens falarem o que estavam sentindo. Ele também permite e espera que nós falemos das nossas aflições; ele nos ouve pacientemente. Portanto, nesse momento tão difícil, fale com Deus em oração! Abra seu coração para Ele! Ele estará atento ao seu clamor!

Após ouvir o relato daqueles discípulos, Jesus os exortou a acreditarem nas profecias (vs. 25-26) e, a partir disso, começou a explicar tudo que Moisés e os profetas haviam falado a seu respeito. Jesus relembrou as promessas referentes ao Messias, as quais estão escritas no pentateuco e nos livros proféticos, comprovando que tudo que havia acontecido foi cumprimento das Escrituras. A Bíblia nos ensina que devemos “trazer à memória o que nos dá esperança” (Lamentações 3.21). Trazer à nossa mente as promessas contidas na Palavra de Deus é uma prática que precisamos fazer constantemente.

Ao final do caminho, Jesus indicou que seguiria pela estrada, mas os homens insistiram para que permanecesse com eles e o convidaram para entrar em sua casa. E Jesus aceitou o convite. Da mesma forma, o Senhor espera que façamos o mesmo: que o convidemos para entrar em nossa “casa”, em nossa vida. Que abramos a porta do nosso coração, para que Ele possa entrar e cear conosco (Ap 3.20). Quando Jesus partiu o pão, os discípulos então o reconheceram. Foi dentro de casa, durante a refeição, num momento tão íntimo, que eles perceberam que era o Mestre! A casa, aqui, representa o lugar de intimidade, o lugar secreto, onde o Senhor deseja se revelar a você!

Após reconhecerem a Cristo, Ele se ausentou imediatamente. Mas aqueles homens estavam com o ânimo revigorado e retornaram a Jerusalém, anunciando que Jesus havia ressuscitado e contando como havia sido este encontro com o Senhor. Quando buscamos o conhecimento da Palavra de Deus, o Senhor mesmo nos dá um novo ânimo para continuar a cumprir o propósito para o qual fomos criados. Que o Espírito Santo faça arder no seu coração a Sua Palavra!

Veja, estamos vivendo dias extremamente difíceis. O surgimento desta pandemia e suas possíveis consequências nos assustam, mas esse é o momento em que o nosso foco deve estar na Palavra de Deus, nas suas promessas. Não vamos perder a fé! É preciso trazer à memória tudo o que o Senhor diz: não estamos sozinhos (Mt 28.20b); Deus é o nosso socorro na hora da angústia (Sl 46.1); somos guardados por Ele (Sl 91.1) e tantas outras promessas que alimentam a nossa fé. Independentemente da situação que vivemos, a nossa esperança deve estar sempre no Senhor, pois ele não nos abandonará!

Adriana Pessanha