O cetro não se apartará
de Judá, nem o bastão de comando de seus descendentes, até que venha aquele a
quem ele pertence, e a ele as nações obedecerão (Gênesis 49:10)
Um dos nomes pelos quais Jesus é
conhecido é “Leão da tribo de Judá” (Ap 5.5). Sim, Jesus é descendente de Judá,
um dos doze filhos de Jacó. Judá é listado nas genealogias apresentadas por
Mateus (Mt 1.2-3) e Lucas (Lc 3.33-34). Quando pensamos sobre os filhos de
Jacó, o primeiro que vem à mente é José. No livro de Gênesis há vários
capítulos que contam a história deste grande homem (você pode ler a partir de
Gênesis 37). Mas foi Judá o escolhido por Deus
para fazer parte da ascendência do Messias.
O livro de Gênesis nos conta que
Jacó teve doze filhos (Gn 35:23-26), e José era o seu filho preferido, por ser
caçula e filho de Raquel, sua esposa amada (Benjamim ainda não havia nascido).
Quando os outros perceberam a predileção de Jacó, passaram a odiar José. E o detestaram
ainda mais quando souberam dos sonhos que tivera (Gn 37.3-5).
O ódio cega o entendimento e nos
afasta da sensatez. Em Gênesis 37, os irmãos de José tramaram uma cilada para
ele. Ao verem que o irmão mais novo vinha para ver como estavam pastoreando as
ovelhas de seu pai, eles o agarraram e o jogaram numa cova, a fim de que
morresse. No entanto, Judá, o quarto filho de Jacó, teve uma ideia ainda pior:
sugeriu que vendessem José a uma caravana de ismaelitas, de modo que ele se
tornasse escravo, pois assim sofreria mais e ainda teriam o lucro da
comercialização. “Judá disse então a seus irmãos: ‘Que ganharemos se
matarmos o nosso irmão e escondermos o seu sangue? Vamos vendê-lo aos
ismaelitas. Não tocaremos nele, afinal é nosso irmão, é nosso próprio sangue’.
E seus irmãos concordaram” (Gn 37:26,27). Com certeza, foi uma atitude monstruosa!
Interessante que o relato sobre a
história de José é interrompido no capítulo 38, o qual é destinado apenas para falar
de Judá. Aqui, vemos que ele agiu injustamente com sua nora Tamar, a qual era
viúva. Mas a mulher lhe dá uma lição preciosa: a importância de ser justo e cumprir
com sua palavra. Certamente, aqui começou o processo de mudança de Judá, em que
ele pôde rever os seus erros do passado para, então, decidir mudar de atitude.
Em Gênesis 39-41, vemos a
trajetória de José no Egito: de escravo a governador. Sem dúvidas, José foi um
homem decidido a fazer a vontade de Deus, pois manteve sua fé inabalável em
meio às circunstâncias adversas. Como
governador, José foi responsável por armazenar comida para enfrentar sete anos
de escassez. Nessa ocasião, todos os povos da terra iam ao Egito para comprar
alimento. Então chegou o acerto das contas...
Jacó enviou seus filhos para
comprar mantimento no Egito. Porém, não enviou Benjamim (o filho de Raquel, mãe
de José, que nasceu posteriormente). Ao chegar lá, José reconheceu os seus
irmãos, porém estes não o reconheceram. José, então, planejou para que seus
irmãos buscassem Benjamim. O grande problema era convencer a Jacó, seu pai. É
nesse contexto que Judá começa a apresentar sua mudança de caráter, tornando-se
um mediador dos conflitos familiares.
Em Gênesis 43, vemos que todo o
alimento tinha acabado e era necessário voltar ao Egito para comprar mais. No
entanto, a ordem dada pelo governador (José) era que eles levassem Benjamim.
Jacó estava irredutível, pois tinha medo de perder o segundo filho da esposa
que tanto amava. Então Judá argumentou com seu pai e ofereceu a sua própria
vida para defender seu irmão:
“Então disse Judá a Israel, seu pai: ‘Deixa
o jovem ir comigo e partiremos imediatamente, a fim de que tu, nós e nossas
crianças sobrevivamos e não venhamos a morrer. Eu me comprometo pessoalmente
pela segurança dele; podes me considerar responsável por ele. Se eu não o
trouxer de volta e não o colocar bem aqui na tua presença, serei culpado diante
de ti pelo resto da minha vida’” (Gênesis 43:8,9)
Em Gênesis 44, vemos Judá intercedendo
por Benjamim diante do governador. Na ocasião, José tinha armado uma cilada
para incriminar seu irmão Benjamim, apenas no intuito de ver a reação de seus
outros irmãos. Na verdade, ele queria ver se Benjamim seria tratado com desprezo,
do mesmo modo como o trataram no passado. Para sua surpresa, Judá tomou a
palavra e explicou detalhadamente toda a história, inclusive relatando o mal
que fizeram a José (Gn 44.14-34). Por último, ele ofereceu a própria vida como
escravo em lugar de seu irmão: "Por isso agora te peço, por favor,
deixa o teu servo ficar como escravo do meu senhor no lugar do jovem e permite que
ele volte com os seus irmãos. Como poderei eu voltar a meu pai sem levar o
jovem comigo? Não! Não posso ver o mal que sobreviria a meu pai" (Gênesis
44:33,34). Por isso, podemos afirmar que Judá ofereceu-se como remidor de seu
irmão, pois deu a sua vida para resgatá-lo da escravidão.
De fato, José não esperava aquela
atitude de Judá. Seu coração quebrantou-se, a ponto de ordenar que todos
saíssem da sala para que revelasse a sua verdadeira identidade a seus irmãos
(Gn 45.1). José disse para eles trazerem suas famílias para a terra do Egito,
pois assim não passariam necessidade e seriam cuidados. José foi a pessoa que
Deus levantou para cuidar do Seu povo, de modo que não morressem por conta da
fome que assolava a terra. Porém, foi Judá que assumiu o papel de mediador, intercessor
e remidor, entregando a sua própria vida como escravo para salvar o seu irmão!
Veja, o posicionamento de Judá aponta para o que Jesus faria séculos depois: o
Senhor entregou a sua própria vida em sacrifício vivo por nós! "Porque
Deus tanto amou o mundo que deu o seu Filho Unigênito, para que todo o que nele
crer não pereça, mas tenha a vida eterna” (João 3:16).
Ao fim de sua vida, Jacó decretou
a bênção sobre cada filho. Judá, que antes era marcado pelo ódio e pela inveja,
teve sua vida transformada e toda a sua descendência foi abençoada porque ele
decidiu agir com justiça e misericórdia. Nessa palavra profética, Deus anuncia que
a liderança do Seu povo sempre viria da descendência de Judá; além disso, também
anuncia a vinda do Seu Filho e o seu sacrifício por amor à humanidade.
"Judá, seus irmãos o louvarão,
sua mão estará sobre o pescoço dos seus inimigos; os filhos de seu pai se
curvarão diante de você.
Judá é um leão novo. Você vem
subindo, filho meu, depois de matar a presa. Como um leão, ele se assenta; e
deita-se como uma leoa; quem tem coragem de acordá-lo?
O cetro não se apartará de Judá, nem
o bastão de comando de seus descendentes, até que venha aquele a quem ele
pertence, e a ele as nações obedecerão.
Ele amarrará seu jumento a uma
videira e o seu jumentinho, ao ramo mais seleto; lavará no vinho as suas
roupas, no sangue das uvas, as suas vestimentas.
Seus olhos serão mais escuros que o
vinho; seus dentes, mais brancos que o leite (Gênesis 49:8-12)
Acredito que, se Deus pensasse
conforme a justiça humana, certamente José faria parte da linhagem de Jesus.
Isso pode lhe parecer difícil de entender, visto que José foi um homem justo e
temente a Deus durante toda a sua vida, enquanto Judá era um homem que sentia
ódio e inveja de seu irmão. Talvez você se pergunte: “Mas como uma pessoa assim
pode estar na linhagem de Cristo?” Deus mostra que Ele derrama sua graça e
perdão mediante a fé e o arrependimento do homem. Sim, Judá se arrependeu e
mudou de atitude. A Bíblia está cheia de exemplos de homens e mulheres que
cometeram erros, mas que se arrependeram de seus atos e alcançaram, por isso, o
perdão de Deus. De igual forma, nós também não somos merecedores do seu amor,
mas Ele escolheu nos amar mesmo assim: “Nós amamos porque ele nos amou
primeiro” (1 Jo 4:19). Deus nos amou quando ainda éramos seus inimigos, ou
seja, quando ainda estávamos distantes do centro da sua vontade, e entregou Seu
próprio filho por nós: “Se quando éramos inimigos de Deus fomos
reconciliados com ele mediante a morte de seu Filho, quanto mais agora, tendo
sido reconciliados, seremos salvos por sua vida!” (Rm 5:10). Portanto,
quero lhe dizer que o amor de Deus também é para todos nós, mesmo que não nos sintamos merecedores.
Adriana Pessanha
Amém linda a mensagem, muito profunda
ResponderExcluirMaravilhosa palavra!
ResponderExcluirProfundo demais
ResponderExcluirNosso Deus age no improvável o agir dele é lindo.
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