Vencendo a ansiedade: o conselho de Paulo



Não andem ansiosos por coisa alguma, mas em tudo, pela oração e súplicas, e com ação de graças, apresentem seus pedidos a Deus (Filipenses 4:6).




Um dos grandes males vividos pela nossa sociedade atualmente é a ansiedade. De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), a ansiedade afeta cerca de 9,3% dos brasileiros (cerca de 19,4 milhões), e faz com que o Brasil ocupe o primeiro lugar da lista de países mais ansiosos do mundo[1]. Esse é um quadro bastante alarmante!

É importante esclarecer que há níveis de ansiedade. Quando está dentro do grau de normalidade, podemos dizer que ela mobiliza a pessoa a enfrentar desafios no intuito de alcançar objetivos; também a impulsiona a acreditar na possibilidade de realizar sonhos até então não alcançados. Nesses casos, ela é vista como um fator positivo; poderíamos até chamá-la de motivação. Segundo o Ministério de Saúde, a ansiedade é “um fenômeno que ora nos beneficia ora nos prejudica, dependendo das circunstâncias ou intensidade, podendo tornar-se patológica, isto é, prejudicial ao nosso funcionamento psíquico (mental) e somático (corporal). A ansiedade estimula o indivíduo a entrar em ação, porém, em excesso, faz exatamente o contrário, impedindo reações”[2]. É claro que a estatística apontada pela OMS se refere a níveis patológicos, que estão fora da normalidade. O excesso de ansiedade gera a preocupação que tanto atormenta as pessoas. Mas nós podemos evitar esse quadro. A Palavra de Deus é tão perfeita que também aborda esse assunto tão relevante. O apóstolo Pedro escreveu em sua primeira carta: “Lancem sobre ele (Jesus) toda a sua ansiedade, porque ele tem cuidado de vocês” (1 Pedro 5:7). Paulo escreveu aos cristãos de Filipos: “Não andem ansiosos por coisa alguma, mas em tudo, pela oração e súplicas, e com ação de graças, apresentem seus pedidos a Deus” (Filipenses 4:6). O alerta é para que não sejamos aprisionados pela ansiedade (ou preocupação), mas que tenhamos nossa fé firmada em Cristo, Aquele que cuida de nós.

De acordo com o dicionário Michaelis[3], um dos significados do termo ansiedade é “estado emocional frente a um futuro incerto e perigoso no qual um indivíduo se sente impotente e indefeso”. Nela podemos identificar alguns pontos bastante interessantes:

·     Ela é um estado emocional: a ansiedade é um fenômeno gerado nas emoções, fruto dos pensamentos;
·  Ela gera uma aflição desmedida diante do incerto: o fato de não saber exatamente o que está por acontecer (falta de controle da situação) e o medo em relação ao inesperado (sensação de vulnerabilidade) desestabiliza a pessoa, paralisando-a na fé.

Ao ler a Palavra de Deus, percebo que em nenhum momento Jesus prometeu que não teríamos momentos difíceis. Pelo contrário, ele disse que teríamos aflições, mas sua orientação foi que tivéssemos bom ânimo porque Ele mesmo venceu, e nele podemos vencer: "Eu lhes disse essas coisas para que em mim vocês tenham paz. Neste mundo vocês terão aflições; contudo, tenham ânimo! Eu venci o mundo" (João 16:33). Podemos confiar em Suas promessas! Podemos descansar em Seu cuidado!

Em sua carta aos filipenses, Paulo dá o caminho para lidar com a ansiedade: a oração. A seguir, vamos analisar estes versículos:

Não andem ansiosos por coisa alguma, mas em tudo, pela oração e súplicas, e com ação de graças, apresentem seus pedidos a Deus.
E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará os seus corações e as suas mentes em Cristo Jesus (Filipenses 4:6,7).

Paulo inicia seu conselho usando a palavra andar. Este verbo remete a uma ação que requer uma certa duração de tempo para ser realizada. Sendo assim, o apóstolo exorta a não permanecer ansioso. Isso quer dizer que a ansiedade é inevitável, ela chegará a qualquer momento. O medo do desconhecido, a insegurança de não ter o controle da situação vai bater à nossa porta mais cedo ou mais tarde, mas permanecer nesse estado de ansiedade é uma escolha; eu posso decidir estar ansiosa ou me livrar da aflição que tenta me aprisionar. Mas como posso anular o efeito da ansiedade em minha vida? A solução apresentada pelo apóstolo é a oração.

No versículo 6, Paulo diz “apresentem seus pedidos a Deus”. Outra versão diz “antes as vossas petições sejam em tudo conhecidas diante de Deus”. Ainda que o Senhor seja Onisciente e saiba de tudo que se passa conosco, a orientação é “apresentar”, “tornar conhecida”, “declarar” a petição. Precisamos pedir claramente a Deus acerca das nossas necessidades. Quando expomos nossos pedidos a Deus, declaramos no mundo espiritual que reconhecemos a nossa dependência nEle e que sem Ele nada podemos fazer (João 15.5). Precisamos verbalizar o que está nos afligindo e o que estamos sentindo, ainda que não sejam sentimentos bons. Deus espera que sejamos sinceros com Ele, que apresentemos as nossas dores, inquietações, raivas, ou seja, tudo que nos tira a paz. Na Bíblia, temos vários exemplos de pessoas que oraram a Deus em momentos de aflição. O profeta Habacuque é um exemplo. Logo no primeiro capítulo, podemos vê-lo questionando Deus sobre a invasão dos babilônios: “Por que me fazes ver a injustiça, e contemplar a maldade? A destruição e a violência estão diante de mim; há luta e conflito por todo lado” (Habacuque 1:3). Habacuque expôs para Deus toda a sua aflição, descrevendo o quão mau era aquele povo estrangeiro. Ele foi sincero, apresentou-se a Deus sem dissimulações. No capítulo 2, ele diz que aguardará a resposta do Senhor: “Ficarei no meu posto de sentinela e tomarei posição sobre a muralha; aguardarei para ver o que ele me dirá e que resposta terei à minha queixa (Habacuque 2:1). Muito importante é aguardar a resposta do Senhor, sabendo que Ele sempre responde ao clamor daqueles que o buscam.

Mas de que forma devemos apresentar nossos pedidos a Deus? Continuando a analisar o conselho de Paulo, vemos que devemos apresentar nossos pedidos pela oração e súplicas, e com ação de graças. Interessante que Paulo faz uma distinção entre oração, súplica e ação de graças.

Entendo que, aqui, Paulo se refere à oração como um momento de adoração, em que nos rendemos à supremacia de Deus, reconhecemos a Sua glória e poder. Muitas vezes, em momentos de aflição, deixamos de adorar ao Senhor. Nossa adoração não deve ser impedida pelas circunstâncias adversas, pelo contrário, é nessas horas que nossa fé é provada. Em meio ao sofrimento, à enfermidade, à crise no casamento, ao desemprego e outras situações difíceis, a Palavra nos incentiva a apresentar a Deus a nossa mais sincera adoração.

A súplica seria uma oração mais insistente, quando imploramos a intervenção divina em nossa causa. Em Lucas 18, vemos o caso da viúva que clamava insistentemente por justiça; em Gênesis 32, vemos Jacó insistindo para ser abençoado pelo anjo; no primeiro livro de Samuel, vemos Ana, mulher de Elcana, suplicando por um filho, pois era estéril. Vários salmos apresentam súplicas: “Bendito seja o Senhor, pois ouviu as minhas súplicas” (Salmos 28:6); “Escuta a minha oração, Senhor; atenta para a minha súplica!” (Salmos 86:6); “Responderá à oração dos desamparados; as suas súplicas não desprezará” (Salmos 102:17); “Chegue a ti a minha súplica. Livra-me, conforme a tua promessa” (Salmos 119:170); “Ouve, Senhor, a minha voz! Estejam atentos os teus ouvidos às minhas súplicas! (Salmos 130:2).

A ação de graças é o reconhecimento de que Deus tem todo o poder para atender o pedido. Paulo nos exorta a agradecermos a Deus, mesmo que o pedido não tenha sido atendido ainda. Isso revela a fé, a certeza de que Deus está agindo: “Ora, a fé é a certeza daquilo que esperamos e a prova das coisas que não vemos (Hebreus 11:1).

Dessa forma, a partir do momento em que nos derramamos em adoração, súplica e gratidão, a paz de Deus toma conta do nosso coração e mente: “E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará os seus corações e as suas mentes em Cristo Jesus. Essa paz ultrapassa os limites do conhecimento humano e nos “blinda”, de forma que os problemas não afetem as nossas emoções. O milagre acontece, pois é possível ter paz em meio às guerras da vida.

Finalmente, Paulo também orienta os cristãos a ocuparem suas mentes com pensamentos bons: “Finalmente, irmãos, tudo o que for verdadeiro, tudo o que for nobre, tudo o que for correto, tudo o que for puro, tudo o que for amável, tudo o que for de boa fama, se houver algo de excelente ou digno de louvor, pensem nessas coisas (Filipenses 4:8). Quando ocupamos nossa mente com pensamentos bons, não damos oportunidade para que os maus pensamentos, os medos e outros sentimentos paralisantes tomem conta das nossas emoções.

Senhor, quando a ansiedade bater à porta do meu coração, que a minha atitude seja correr para os Teus pés em oração! Que eu renda a Ti a minha adoração, apresente a Ti o meu clamor com sinceridade e agradeça de antemão pela Tua intervenção.

Adriana Pessanha




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